sábado, 2 de janeiro de 2010

Ensaio sobre a vontade de milênios

Sou humano atravessado e implicado em coisas humanas, não tenho como perceber as coisas de um ponto de vista que não seja humano, que não seja interferido pelo que outros humanos já fizeram, contanto que de alguma forma eu tenha entrado em contato com isso.


A forma como compreendo as coisas, um mundo aonde não há necessidade de se fazer nada. Aonde as imposições sociais só servem a uma necessidade de perpetuar o modelo presente. Perceber a vida humana como algo que não tem necessidade de existir, bem como qualquer outra coisa. Perceber as ciências, a matemática, a linguagem, as religiões como meras arbitrariedades humanas.


Percebo a matemática, a economia e as religiões, como as maiores arbitrariedades dentre todas, pois não possuem qualquer base do que poderia ser chamado de lógica, ainda que a própria lógica não possua uma base externa a qual não se possa questionar. As bases de todas essas coisas seriam a determinação humana de que tal coisa seja de uma forma e não de outra.


Pensando Deus de uma forma lógica, ao mesmo não se aplicam nossas considerações lógicas, o que nos impossibilita em absoluto de compreendê-lo racionalmente; talvez possamos senti-lo, intuí-lo, mas jamais haveria palavras para expressá-lo, ou para expressar suas intenções e desejos, supondo que ele os tenha, ele talvez nem tenha uma forma que possamos compreender!


Colocando Deus de lado, por pura incapacidade de pensar sobre ele o ponto aonde quero chegar é que todas essas compreensões minhas são influenciadas por idéias de diversas pessoas que já viveram e que vivem, algumas são científicas, outras não. O caso é, exatamente por conhecer coisas que já foram não posso pensar em como era para tais pessoas que não conheciam o que conheço, posso supor, mas é improvável que eu consiga ignorar tudo o que conheço para me colocar no lugar dessa pessoa.


Afinal como já dissera um filósofo de que não me recordo o nome: “não se pode pisar duas vezes no mesmo rio”. Tais idéias, bem como outras levaram a transitoriedade da experiência, uma concepção da Física que se pode emprestar para qualquer outra área. Bem como a relatividade a partir da perspectiva de um dado observador e sua incapacidade de se manter neutro ao próprio fenômeno.


A existência da vida é um fenômeno trivial, porém qualquer forma que ela venha a tomar é improvável até acontecer.


Com todas essas considerações eu poderia ser chamado de herege, sacrílego, louco, pessimista, depressivo. Enfim, em todas as formas, alguém que não dá valor a vida. Mas não é assim que me percebo neste momento, de forma alguma.


Agora desejo falar da vida. A partir da ausência de necessidade para com a própria existência, pode-se fazer dela o que se quiser. Com isso afirmo a vontade acima da angústia de viver sem qualquer base, sem qualquer apoio.


Para mim cada existência em particular é um milagre, cada criatura e em especial pra mim cada pessoa por causa de suas decisões, de suas capacidade de suas ações, por isso digo que tudo o que é humano me interessa, me fascina.


Agora para a minha própria vida, se não percebo como necessário fazer qualquer coisa, sequer viver, “o que me resta então?”, é uma pergunta que se pode fazer. A minha resposta é, “aquilo que eu quiser!” Minha vontade é o que me guia e considerando a improbabilidade de qualquer forma de vida, não se pode dizer que algo é possível, ou impossível até que tenha acontecido. Só quero falar da realização. Da potência no único momento em que ela existe. O que quero dizer é que pretendo realizar potenciais meus, meu único projeto de vida sou eu mesmo, pretendo me formar, me lapidar, desenvolver meu corpo, minha mente, aprender, sentir, viver!


Claro que pretendo escolhê-los, a partir de objetivos. Para tanto me miro em uma pessoa que percebo como o homem mais extraordinário: Alexandre da Macedônia, o homem que possuía todo o mundo que conhecia. Não quero o mundo, só quero realizar duas coisas. Primeiro aquilo que o próprio dissera sobre para quem deixaria seu império: “Para o mais capaz!” Quero ser capaz, o mais capaz.


O segundo ponto é mostrar isso ao mundo. Quero como Alexandre ser grande e quero que o mundo se lembre disso. Quero que o mundo me conheça, se lembre de mim, não por qualquer feito meu, mas simplesmente por mim mesmo!


Posso não ter sido claro, certamente serei mal compreendido por alguém, porém independente de qualquer incongruência no que escrevi, de qualquer discordância que possa haver, o que permanece para mim é a força de determinar-me por minha vontade e este é o caminho que escolhi.

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